domingo, 23 de setembro de 2007

Sem eira nem beira


Tenho um estranho ruído em meu peito
Tic-Tac, tic-tac! é seu som.
Parece um balancear de ponteiros, a dançar tontos ao sol da manhã.
É um sobe e desce de roldanas ondulantes, presas a trémulo pêndulo.
De picos, garras e unhas a respirar a cada instante.
Despertam rouxinóis adormecidos, em jubilo de murta e jasmim.
Ver-te, ter-te em meus olhos, sentir-te,
não é coisa vil.
É preciso maneio, dar à corda por inteiro sem falhar a volta do meio.
É no meio que está a virtude (dizem), não estou tão certa assim.
já que estendo arpejos ao sol e ao dilúvio
com estas badaladas entranhas.
Sem eira nem beira
neste paraiso carnal.