sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Quando as borboletas deixam de esvoaçar no estômago


Vais embora?
Não vás ainda, imploro.
Não fujas nesta hora despida
Olha-me na íntima angústia
Dá-me vida, dá-me morte,
Não me deixes no limbo
Deita-me no esquife e corre os ferrolhos
Aqui tens a chave, usa-a
Balanceia-te no perfume agridoce da morte
Outorga a minha inocência mumificada
Não és tu o meu anjo, o meu demónio
O risco e o feitiço de um tão esquivo amante?
Então fica. Celebra a minha morte.

Foto by: Maria treva flor

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Na rota do ser


Deita-te nú sobre a pedra tumular do meu peito
Empenha-te a agasalhar mais além dos limites,
nos odores inquietantes dos púcaros dispersos
Bebendo no frenesim, ao cair nas suas águas livres,
envolto em sonhos inacabados.

Ultrapassa-te, faz-te sonho
Num sonho sem fundo,
percorre-o e fecunda-o comigo
Onde estou? Acaso morri entre meus sonhos?

R.I.P.
Foto by: Maria-treva-flor