domingo, 30 de setembro de 2007

Esquecer-te é esquecer-me de mim


Como vou esquecer-te se ao esquecer-te serei uma ruga mais
que se inscreve no rosto do cansaço
Uns passos sem rasto, uma inerte lembrança
a viver no escuro sob a noite pétrea sem espera e sem alma.
Com a obstinada pena, longe da ascensão dos sentidos
quando a vida ardia a quatro braços.
E, fazia resnascer em mim todo um universo, na certeza do percorrer do teu corpo azul relâmpago, que me cravava ao chão e arrancava pedaços ao céu.
Como vou esquecer-te se ao esquecer-te serei uma rugosa estátua de areia mordida pelo tempo
que no aberto espaço não te esquece, desejando sem calma a ineficácia das horas.
Insanidade do tempo, como se fizesse esquecer o que se soube viver e não se quer escapar.
Como vou esquecer-te se ao esquecer-te é esquecer-me de mim?
E, contarei as rugas que se vão pondo.