quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Porque choram meus olhos


Na verdade, nem eu sei
porque choram meus olhos
Cansados cansados olhos
Adormecei.
A cada golpe tremem
quando o açoite vibra
Estala estala e gemem
A cada golpe que desiquilibra.
Caem no chão curvados
em seus magros perfis
Escravos e condenados
A verem coisas vis.
Das vidas, mortes duras
Olhos, chorai chorai
Um dia tereis armaduras
frente às injustiças mundiais.
Só não chora quem não vê
Só não vê gente insana
Só não sente quem não crê
Na insigne dor humana.
Foto: Maria-treva-flor

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Mutantes


Somos sangue que corre como rios dentro de nós
que nos empurra, nos segura, nos devora
Somos montanhas de esperança, desertos de sede,
mares de raiva a quebrar-nos os braços do medo e da loucura.
Somos raízes que se agarram às areias movediças
que se movem sobre pedras
Somos a significância que pulsa nas palavras
arrancadas aos gestos com chicotes de fogo
que nascem no passado e se transformam na nossa essência.
E abrem, abrem, abrem os limites fechados do presente,
entre prenúncio de morte e o nada
Somos tudo
Somos nada.