quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Aos quatro cantos


Primeiro canto - Vem a borboleta da noite ao relento
Brilha com seu diadema de estrelas
Solta as asas douradas nos céus
Abre a claridade dos batimentos que se propagam
Na noite espectral, despertando os seres noctívagos
Onde tudo é rumor, olhar, inumeráveis palpitações
Cumpre-se a luz no seu Zénite em reluzente desnudar
Como se dormisse levemente, entrelaçada, atenta
ao vibrar presente de apenas uma borboleta.
Segundo canto - Tudo é acariciado pelas tuas mãos.
Surpreende-me e assobia ao meu ouvido
Abre a tua chaga de mil cantos
com esta aliança pura de sangue que te reclama
Como se fosse uma conturbada nota que muda de tom
Não é dor. É doçura, é amor que te enlaça por inteiro
ao roçar numa delícia ténue que jamais poderás esquecer
Pacto sagrado, elevado ao canto confidente que me imola.
Terceiro canto - Porque pensaste conhecer-me
na tua solidão desamparada
Mas o fogo é espaço que nos olha e nos despe
que altera a matéria e o destino
Não estranhes pois,
que eu cante no denso e tão breve clamor de um pavio
Raptando instantes de vida, para viverem comigo a minha vitória.
Quarto canto - Cascatas de amor parecem me deter
Um obstáculo de fontes precipitam-se
Brincam indolente com o fogo que se avizinha
Quem desposou a água com o fogo
Ungidos de terra e vento agreste
Para fecundá-los com um amor rebelde?
Foto: Maria-treva-flor

Um comentário:

Brain disse...

MTF,

FANTÁSTICO!

Mas...
O 3º canto é para mim,
Sem sombra de dúvida o melhor!

BEIJO