sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Quarto crescente



Vem,
Vamos juntos.
A noite chega devagar e estende-se pelos céus,
parece uma criança adormecida a éter sobre a mesa.
Vem,
Vamos juntos.
Por mares incertos que são o refúgios das almas murmuradas.
Passeiam-se por aqui e por além,
como uma névoa que esfrega as vidraças,
passa a língua dentro dos recantos encantos.
Pois já conheço todas,
Conheço bem.
Sei das noites que esvaem as almas em breve agonia
abafadas no vazio de um quarto mais além.
Pois já conheço todos
Conheço bem.
Sei dos quartos minguantes que reduzem a fómulas e olhares,
por todo o horizonte nocturno, aniquilado,
que estreita o medo como uma gelada agulha célere no sangue.
Sei do grito, um grito só, um grito,
antes da lucidez do salto.
E, quando fores salto apenas,
mesmo à beira de ti.
Vais dormir em quarto crescente, a meu lado.
Foto: Maria-treva-flor

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