quarta-feira, 25 de julho de 2007

Dança Maria dança


Danço...
No respirar do formigueiro
em meu corpo entorpecido
pelo fascínio deslumbrante
da dança dos sete véus
No fágil movimento orgásmico
arrancado no último dos suspiros
ao último dos céus.
Danço...
De ventre sob os gomos da cúpula do desejo
No espaldar reflectido em mil espelhos
a beleza quase nua de uma luz primordial
No risco delicado da melodia interdita
do bolero de Ravel
que sem rede puxa-me freneticamente em colisão.
Danço...
de corpo rasgado
vestida de escarlate gasto
como se fosses um brinde à vida
Na eterna apoteótica fatalidade
com que os fios escuros do meu cabelo
enfeitados (de-lírios) brancos
pousados ao deléve em meus lábios quase neve.
Danço...
no desespero avassalador
com que dispo o último véu
No puro pulsar de todas as espontaneas
de bailarina sem pontas
que cai em queda livre rendida a teus pés.
Danço...
Contigo, assim...
na liberdade florida de uma dança sibilante
que Maria eu danço enlouquecida
pela lança que me enlança
quando danças para mim
e que eu sei que vai ferir-me de morte
Grande é o ímpeto da vida.
Foto by: maria-treva-flor

Um comentário:

Brain disse...

MTV,

Tu...
Publicas "pouco",
Mas quando o fazes...
Arrasas!

Fabuloso é pouco,
mas é o máximo que consigo,
Para exprimir o que penso,
Sobre este teu escrito.

Um beijo.